O EGO
- Fernando Psicólogo
- 31 de jan. de 2018
- 3 min de leitura

JUNG percebeu-o como o centro da CONSCIÊNCIA, porém também sublinhou as limitações e a incompletude do ego como algo menor que a personalidade inteira. Embora o ego tenha a ver com assuntos tais como identidade pessoal, manutenção da personalidade, continuidade além do tempo, mediação entre campos conscientes eINCONSCIENTES, conhecimento e testes da realidade, também deve ser considerado como uma instância que responde às necessidades de uma outra que lhe é superior. Esta é oSELF, o princípio ordenador da personalidade inteira. A relação do self com o ego é comparada àquela do “que move com o que é movido”.
Inicialmente o ego está fundido com o self, porém, depois, dele se diferencia. Jung descreve uma interdependência dos dois: o self possui uma visão mais holista e é, portanto, supremo, mas a função do ego é confrontar ou satisfazer às exigências dessa supremacia. O confronto entre o ego e o self foi identificado por Jung como característico da segunda metade da vida (ver EIXO EGO-SELF; ESTÁGIOS DA VIDA).
O ego também é visto por Jung como resultante do choque entre as limitações corporais da criança e a realidade ambiente. A frustração ajuda a formar ilhotas de consciência que se juntam no ego propriamente dito. Aqui, as idéias de Jung sobre a data da emergência do ego refletem uma contínua tendência das idéias anteriores de Freud. O ego, assevera Jung, adquire sua plena existência durante o terceiro ou quarto ano. Psicanalistas e psicólogos analíticos hoje concordam em que um elemento de organização perceptiva está presente ao menos a partir do nascimento e em que, antes do final do primeiro ano de vida, uma estrutura de ego relativamente sofisticada se encontra atuando.
A tendência de Jung de equiparar o ego à consciência torna difícil a conceitualização de aspectos inconscientes da estrutura do ego, ou seja, das defesas. A consciência é a característica distintiva do ego, porém isso é proporcional à inconsciência. De fato, quanto maior for o grau de consciência do ego, maior a possibilidade de se sentir o que não é conhecido. A tarefa do ego com relação à SOMBRA é reconhecê-la e integrá-la, mais que dividi-la mediante a PROJEÇÃO.
Jung concebia a PSICOLOGIA ANALÍTICA como uma relação a uma abordagem super-racional e superconsciente que isola o homem de seu mundo natural, inclusive sua própria natureza e, assim, limita-o. Por outro lado, insistia em que os SONHOS e as imagens deFANTASIA não podem ser usados diretamente para intensificar a vida. São uma espécie de matéria-prima, uma fonte de símbolos, que podem ser traduzidos para a linguagem da consciência e integrados pelo ego. Neste trabalho a FUNÇÃO TRANSCENDENTEestabelece os vínculos entre as oposições. O papel do ego é discriminar os OPOSTOS, resistir a suas tensões, permitir que se resolvam e, e finalmente, proteger aquilo que emerge, que expandirá e intensificará o que antes eram os limites do ego.
No que concerne à PSICOPATOLOGIA, existe determinado número de perigos reconhecidos: (1) De que o ego não venha a emergir de sua identidade primária como self, o que o tornará incapaz de satisfazer às exigências do mundo externo. (2) De que o ego venha a ficar equiparado ao self, levando uma INFLAÇÃO da consciência. (3) De que o ego possa vir a assumir uma atitude rígida e extremada, abandonando como referencial o self e ignorando a possibilidade de transformação pela função transcendente. (4) De que o ego possa vir a não ser capaz de se relacionar a um COMPLEXO em particular devido à tensão gerada. Isso acarreta a dissociação do complexo e sua dominação da vida do indivíduo. (5) De que o ego poderá ser subjugado por um conteúdo interno oriundo do inconsciente. (6) De que a FUNÇÃO INFERIOR poderá permanecer não integrada e não disponível para o ego, levando a um comportamento claramente inconsciente e um empobrecimento geral da personalidade
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